Criando ambientes acolhedores

Confira com promover criatividade e segurança dentro do ambiente escolar

 

Você já reparou como em alguns grupos e espaços de aprendizagem você se sente confortável em compartilhar suas idéias e em outros você se segura? Da mesma forma, como em alguns espaços você rapidamente cria vínculos com outros participantes? E em outros grupos, esse processo é mais difícil?

Nós acreditamos que essas experiências tão distintas não acontecem por acaso.  É  possível criar – com intencionalidade – salas de aula acolhedoras, capazes de proporcionar aos seus estudantes o grau de estímulo e segurança na medida certa para que estes se sintam pertencentes e logo, tenham  vontade de se expressar inteiramente!

Em nosso trabalho, gostamos de chamar esse processo intencional de Começo Poderoso. Ou seja, como professor-facilitador ou gestor de uma sala de aula, vale refletir quais elementos precisam estar presentes no início de um processo de grupo para gerar Acolhimento e Segurança Psicológica. Elencamos abaixo alguns desses elementos – sempre presentes nos trabalhos desenvolvidos pela Artéria Criatividade, empresa social parceira da Conectando Saberes, que tem uma metodologia de formação continuada para professores e gestores, focada em tornar a sala de aula – cada vez mais – um espaço de aprendizagem vibrante e relevante, com educadores operando em sua potência criativa.

Preparo Intencional do Espaço. Isso diz respeito ao ambiente (digital ou físico) que você cria para receber o seu grupo, pensando em como você quer que as pessoas se sintam, o que você quer que elas vejam e como você quer que elas interajam. Para nós é importante que os alunos e alunas sintam que o espaço foi pensado e bem preparado, e que os facilitadores ou professores estejam presentes e atentos para dar boas-vindas a quem chega ao espaço.

(*Dica prática para aulas presenciais: Crachá Criativo: No início do ano letivo ou do semestre, proporcione aos alunos a oportunidade de chegarem num espaço com materiais de arte e peça que confeccionem um crachá com seu nome – customizando o crachá com os materiais disponíveis nas mesas. Você pode pedir que incluam no verso do crachá, algo que o aluno(a) ama fazer no tempo livre, algo que do qual se orgulha, ou um desafio superado. Se for possível, deixe que eles trabalhem por algum tempo, com música ao fundo. No final do processo os crachás podem servir para que os alunos se apresentem em grupos menores. Os crachás depois podem decorar uma parede da sala. Ao acolher os alunos dessa forma, você está oferecendo a oportunidade para colaborarem, tomarem um pequeno risco criativo, revelarem algo pessoal de forma segura, e convida a imaginação de cada um para o espaço da sala. Esses elementos são importantíssimos para fazer com que todos se sintam vistos, afirmados e pertencentes.)

(*Dica para aulas virtuais: – ao acolher os estudantes numa sala virtual, coloque uma música e peça que respondam a uma pergunta no chat. Por exemplo: Se a forma como você se sentisse fosse um instrumento musical, que instrumento seria, ou que paisagem você seria hoje? Leia e comente o chat, dando boas vindas às diversas formas como as pessoas chegam. A metáfora é uma forma poderosa de acessar a imaginação e pedir que as pessoas falem dos sentimentos de forma segura)

Apresentações Inclusivas e Criativas. Como você pode garantir que todos os estudantes sejam ouvidos, logo no começo de um processo. Esse passo é importantíssimo para que se sintam investidos no processo de aprendizado. Nós costumamos convidar a imaginação das pessoas, pedindo que compartilhem como se sentem, usando metáforas, sons, movimento e muito mais. Isso pode ser feito em pequenos grupos ou no grupo inteiro.

Aquecimento com Risco Criativo. Como podemos envolver todos do grupo, convidando-os a correr um pequeno risco criativo juntos, de forma que depois, se sintam à vontade para correr novos e maiores riscos criativos? Aqui a imaginação é chave – como a despertamos para começar a levar os grupos para fora de sua zona de conforto.

Objetivos. Uma vez que o grupo se sente mais conectado e à vontade, é importante compartilhar com clareza os benefícios de fazer parte desse processo de aprendizagem. Como podemos compartilhar objetivos que façam com que o grupo sinta que é importante estar aqui!

Acordos. Após a partilha dos objetivos, é importante ter um pequeno processo coletivo de pensar como vamos ser e nos comportar como grupo. Que comportamentos são bem-vindos e quais não são? Como vamos lidar com conflitos etc? Na medida que o grupo co-cria seus combinados, começa a criar um espaço seguro para assumir desafios e riscos.

Ao realizar essas etapas, com preparo e intencionalidade, o(a) professor(a) vai perceber que seu grupo estará muito mais engajado e investido na proposta de aprendizado da qual faz parte. É comum que muitos de nós pulemos essa etapa, devido à pressão de ter que chegar ao conteúdo! Mas tanto as pesquisas quanto nossa experiência, revelam que, ao garantir um bom começo, que crie um ambiente seguro e acolhedor, os participantes de um grupo estarão muito mais preparados e dispostos para dialogar com os conteúdos expostos  de forma mais participativa e comprometida.

Um livro do pesquisador Timothy Clark revela que a segurança psicológica está fortemente conectada com nossas necessidades humanas. Ele relaciona a Segurança Psicológica com quatro dessas necessidades:

  • Inclusão
  • Segurança para aprender
  • Segurança para contribuir
  • Segurança para desafiar o status quo,
  •  sem medo de se sentir embaraçado, marginalizado ou punido

E assim, ao garantir que essas necessidades sejam supridas,  conforme Clark, nossos espaços de aprendizado explodem com confiança, engajamento e bom desempenho!

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¹Estabelecido pela Professora de Harvard Dra. Amy Edmondson, “segurança psicológica” diz respeito à nossa capacidade de estar confortável com a vulnerabilidade no trabalho, algo que – para o nosso mal, foi historicamente pouco incentivado. A extensa pesquisa da Dra. Edmondson revela que as equipes de melhor desempenho e satisfação sentiam que podiam abertamente admitir erros,pedir ajuda, e abordar assuntos honestamente sem retribuição ou humilhação. (A Google testou essa pesquisa com seu próprio experimento,chamado Projeto Aristóteles.)

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