Você já ouviu falar em apagão docente?

Imagine um país sem professores. Ou pelo menos com número de docentes abaixo do necessário. Infelizmente, isso pode sair da imaginação e virar realidade no Brasil. Os desafios que tornam a carreira pouco atrativa e adequações emergenciais que dificultam a continuidade dos professores em seus cargos já são realidade, por exemplo.

Esse fenômeno é o que chamamos de “apagão docente”, consequência de inúmeros fatores que vão desde a atratividade para a carreira de professor até o grande número de aposentadorias desses profissionais. Desde os anos 80, estudos tanto nacionais quanto internacionais dizem que alguns países podem sofrer com a falta de professores, principalmente em determinadas áreas de conhecimento.

O termo “apagão docente” diz respeito à redução do número de ingressantes nos cursos de licenciaturas e a defasagem quantitativa entre o número de jovens professores e o número de docentes na etapa final de suas carreiras. Além de estar relacionado às inúmeras dificuldades da carreira relacionadas a continuidade, atração de novos profissionais, defasagem prática-teórica e demais desafios relacionados à atratividade docente.

Algumas pesquisas já preveem que esse pode ser o cenário futuro da educação e a previsão é que aconteça até 2040. Em fevereiro de 2022, as números vagas formais para educação foram as maiores de uma série histórica segundo recorte feito por uma consultoria, a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Foram criados mais de 66 mil postos nas instituições de ensino brasileiras, no entanto, as vagas não foram totalmente preenchidas. Segundo dados do Censo do Ensino Superior 2020, diversas especialidades têm apresentado quedas nos últimos anos ao compararmos o número de concluintes na graduação entre 2016 e 2020. As principais são: biologia (-21,3%), química (-12,8%), ciências sociais (-11,7%), letras (-10,1%), história (-7,5%) e geografia (-6%).

O Instituto Semesp, diz que se considerarmos que cada professor ativo atende 20 pessoas, entre três e 17 anos, do Ensino Fundamental I ao Médio, serão necessários quase 2 milhões de docentes para atender a demanda. Contudo, a previsão do número de profissionais em atividade, se a tendência de decréscimo continuar, chegará a 1,74 milhão de docentes. Ou seja, faltarão mais de 200 mil docentes nas escolas do país, segundo projeção do Instituto.

Estudos dos dados fornecidos pelo Inep e MEC (Ministério da Educação) indicam que a maior parte dos professores efetivos em atividade hoje tem 50 anos ou mais, e os professores de até 24 anos representam menos de um quinto. Além disso, no Censo do Ensino Superior 2020 mostra que os cursos de licenciatura tiveram o menor ingresso (18%).

Pensando nessa problemática e na busca de soluções não apenas emergenciais, a Rede Conectando Saberes está realizando uma pesquisa colaborativa sobre o assunto. O objetivo é entender qual o real cenário da carreira docente no nosso país. Composta por três etapas: conversas com atores da Rede (professores, coordenadores, gestores e secretários); questionários para comunidade escolar nacional e relatório propositivo, o estudo está em andamento desde setembro e será iniciada, em breve, a etapa de consulta a profissionais da educação de todo país. Para mais informações sobre a pesquisa, acompanhe o perfil da CS nas redes sociais.

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