O Retorno da Alfabetização necessita de acolhimento

Cerca de 76% dos alunos precisam de reforço em alfabetização, segundo o DataFolha. Mas o que realmente os estudantes precisam com o retorno às aulas presenciais é o acolhimento e a Professora Joice conta mais sobre isso.

 

Em 2019, antes do cenário de pandemia, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) entrou em vigor no ensino infantil e fundamental e prevê a alfabetização dos alunos até o 2º ano. Com a chegada da pandemia, o processo se tornou mais desafiador já que as crianças não estavam mais presencialmente em sala de aula. Segundo a professora Joice Maria Lamb, com experiência de mais de 30 anos em sala de aula, “Os alunos não se alfabetizaram da mesma forma que acontecia antes da pandemia porque eles não estavam na escola. Então alguns se alfabetizaram de uma forma diferente: em casa, online, com intervenções dos professores e muitos também não se alfabetizaram”. 

Segundo dados do DataFolha, após o ensino remoto cerca de 76% dos estudantes precisam de reforço na alfabetização. E mais: o número de crianças que não sabem ler e escrever cresceu 66%, o que totaliza mais de 2 milhões de jovens entre 6 e 7 anos, segundo levantamento realizado pelo Todos pela Educação.

Joice, que atua hoje como coordenadora pedagógica e do núcleo Novo Hamburgo (RS), reforça que é preciso olhar de para esses alunos de uma forma diferente do que se tem feito atualmente. “A partir de dados como esses, a gente sempre olha para as crianças como se elas tivessem fracassado em algo, simplesmente porque elas não atingiram a meta que nós queríamos que elas atingissem. Além disso, a cobrança cai em cima do professor, criando uma tensão muito grande, mas que não pode ser resolvida de forma solitária”.

Dessa forma, professores, gestores, coordenadores e secretários juntos precisam encontrar alternativas para recuperar esses alunos e o tempo perdido. “Na verdade, não acredito que a palavra ‘recuperar’ seja a mais adequada, pois dá uma ideia de fracasso. Não tem uma solução mágica para o problema mas precisamos olhar para as crianças para tentar encontrar quais as potencialidades que elas têm. Acolher as histórias que elas possuem e viveram quando não estavam na escola. Buscar ressignificá-las e tentar mostrar a essas crianças que elas não estão perdidas. Que elas não estão em falta. Que elas estão erradas onde elas estão.

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