Do Brasil para o mundo: conheça as professoras da Rede que representam as escolas finalistas de Prêmio Internacional

No dia 10 de junho, as professoras Elineide Alves dos Santos Fernandes e Joice Lamb receberam uma notícia: as escolas inscritas por elas no prêmio internacional “Melhores Escolas do Mundo” estão entre as 10 finalistas das suas categorias. A notícia deixou as educadoras extremamente felizes, pois não acreditavamacreditarem que seus projetos pudessem ter repercussão internacional.
Moradora de Cabrobó (PE), a professora Elineide é diretora da Escola de Referência em Ensino Fundamental Evandro Ferreira dos Santos e inscreveu um projeto realizado durante a pandemia. A escola está localizada em um bairro periférico da cidade com cerca de 34 mil habitantes e o projeto “DISTANTES SIM, DESCONECTADOS NÃO. FAMÍLIA E ESCOLA PROJETANDO SONHOS, PROMOVENDO A INCLUSÃO” nasceu para atender a comunidade escolar, em especial as mães dos alunos.

Muitas vezes, nas escolas os pais ou responsáveis não demonstram interesse ou não participam da vida escolar dos seus filhos por diversos motivos. Mas em Cabrobó o problema é algo que ainda afeta mais de 11 milhões de pessoas no Brasil: o analfabetismo. Elineide e sua equipe viram muitas vezes que as mães dos alunos utilizavam a digital para assinar papéis, por não saberem escrever e nem ler. Consequentemente, elas não podiam ajudar seus filhos nas tarefas de casa e não conseguiam acompanhar a vida estudantil deles. “Dessa forma, os alunos sentiam-se desmotivados a realizarem as atividades escolares em casa, como também, devido à situação de pobreza, viam-se obrigados a ajudarem nas tarefas domésticas e a cuidarem dos irmãos mais novos”, conta Elineide.
De início, a equipe da escola realizou visitas às famílias para convidar a participarem do projeto. As mães que aceitaram começaram a ir duas vezes por semana e fazer uma aula de alfabetização de forma presencial. Elineide relembra que algumas mulheres precisaram mentir para seus maridos sobre o motivo de saírem de casa, pois eles não apoiavam a formação. “As mães começaram a participar, como forma de superar as adversidades. Sentiram-se motivadas, começaram a convidar outras mulheres, empoderar-se e novamente, voltaram a projetar os sonhos que haviam deixado para trás por conta das dificuldades”, complementa.
Agora em 2022 o projeto vai voltar com atendimento às mães e com a emissão de novos documentos de identidade para aquelas que aprenderam a assinar o nome. No fim, o projeto ultrapassou o seu objetivo de alfabetizar w serviu como uma inspiração para fazer com que essas mulheres, que já não tinham mais perspectivas, voltassem a ter brilho no olhar.

Enquanto isso, em Novo Hamburgo (RS), cidade da região metropolitana de Porto Alegre (RS), a Escola Municipal de Educação Básica Profª Adolfina J. M. Diefenthäle criou um sistema totalmente democrático que envolve desde alunos e pais até funcionários da escola nas decisões na instituição. O sistema não é tão simples quanto parece, mas dá certo e vem sendo realizado desde 2012 na escola.
Ele funciona assim: existe um grupo gestor com representantes de professores que organiza o cronograma e as demandas que serão discutidas em assembleia. Cada segmento (alunos, professores, pais e funcionários) tem sua própria assembleia todos os meses. Como os estudantes são o maior grupo, as assembleias são feitas em turmas. As demandas são coletadas pelo grupo gestor e alguns dias depois, acontece a reunião de representantes de turma com a direção da escola para discutir as demandas, propor soluções ou resolver conflitos. As demandas podem envolver desde a colocação de ventilador em uma sala, até a mudança na metodologia de disciplinas. Na assembleia seguinte, os representantes apresentam as conclusões da reunião e a assembleia delibera novamente. Demandas que dizem respeito a outros grupos ou que necessitem de verbas são encaminhadas para a Conferência escolar. Antes da conferência acontecem ainda quatro assembleias gerais de alunos.

“Esta forma de gestão favorece tanto a busca de soluções para problemas cotidianos como a destinação do dinheiro recebido pelas escolas de uma forma transparente e colaborativa. Entendemos que, desta forma, cada um acaba conseguindo reconhecer o outro como uma pessoa de direitos, que tem voz, ideias e problemas”, conta Joice. Assim como no caso de Elineide,  a escola onde Joice é coordenadora pedagógica deixou de ser um local de apenas ensino e aprendizagem, mas um espaço onde todos podem aprender e ensinar de forma colaborativa e coletiva, e defender os seus ideais.

A Conectando Saberes fica imensamente orgulhosa da conquista das professoras que estão na rede conosco e estamos na torcida! Elas nos mostram que projetos como esses podem mudar a vida de várias pessoas e também transformar a educação.

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